quinta-feira, novembro 29, 2007

presente de papai noel 1 - s-plus 8 e finmetrics 3.0

Ontem fiquei sabendo do lançamento da nova versão do s-plus (8) e da finmetrics 3.0. E hoje o Ibmec já instalou aqui na minha máquina. Esse foi um record de tempo, parabéns ao Ibmec.

Eu dei uma trabalhada rápida e chequei algumas novidades. A primeira é que o s-plus adotou o mesmo esquema de gerenciamento de pacotes do R, ou seja, permite instalação automática de pacotes da internet. Outra coisa é que eles colocaram uma ferramentas para usar os pacotes do R no s-plus, o que eu achei bem interessante.
É fantástica esta associação - a Insighfull dá apoio ao seu concorrente free e open-source, e com isso ganha o apoio para o uso dos pacotes do R dentro do s-plus. Na época que eu pesquisava sobre software open source eu sempre notei que não necessariamente existiria apenas competição entre o produto comercial e o open source, e em geral o comercial se beneficiaria da tecnologia do open source. Olha a evidência empírica aí.
Tem um bug no sistema de gerenciamento de pacotes - ele não funciona se a internet estiver sob uma proxy. Eu já corrigi o bug, e depois publico a correção.

Na finmetrics 3 as adições são a biblioteca de tratamento de dados de alta frequência, que já estava disponível na página do Eric Zivot ; uma bom conjunto de ferramentas para precificação de opções (é bastante completa para derivativos sob equity e moedas, mas pouca coisa para derivativos de taxas de juros - basicamente apenas os modelos de Ho-Lee e Black-Derman-Toy. A ferramenta de cálculo de vol implicíta é bem interessante, e as ferramentas de construção de curvas de juros estão bem mais completas); a nova versão do Ssfpack e alguns modelos já implementados para a estimação de modelos afins de estrutura a termo usando filtro de kalman. Não é uma mudança tão radical quanto da finmetrics 1 para a 2, mas tem bastante coisa bem útil.
Ainda não deu tempo para testar tudo, mas em geral as melhoras são notáveis.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Final de curso

Ontem foi a prova final do curso da graduação. Apesar de eu estar fisicamente esgotado nesse fim de ano, fiquei triste com o fim do curso.
Tive poucos, mas excelentes alunos. O curso rendeu muito e foi bem mais avançado que um curso de graduação normalmente seria, e os alunos sempre participaram bastante da aula, permitindo um nível cada vez maior.
Só posso agradecer a estes alunos por este curso, já que o grande mérito é deles.

Leitura do Dia

Um belo exemplo de artigo aplicado - (e note o método de estimação utilizado - MCMC)

A Revealed Preference Ranking of U.S. Colleges and Universities

Christopher Avery, Mark Glickman, Caroline Hoxby, Andrew Metrick

---- Abstract -----

We show how to construct a ranking of U.S. undergraduate programs based on students' revealed preferences. We construct examples of national and regional rankings, using hand-collected data on 3,240 high- achieving students. Our statistical model extends models used for ranking players in tournaments, such as chess or tennis. When a student makes his matriculation decision among colleges that have admitted him, he chooses which college "wins" in head-to-head competition. The model exploits the information contained in thousands of these wins and losses. Our method produces a ranking that would be difficult for a college to manipulate. In contrast, it is easy to manipulate the matriculation rate and the admission rate, which are the common measures of preference that receive substantial weight in highly publicized college rating systems. If our ranking were used in place of these measures, the pressure on colleges to practice strategic admissions would be relieved.

ps - Resposta ao comentário do André

Sim, daria para fazer com o exame da Anpec uma análise semelhante. Note que só seria necessário pedir a Anpec o acesso aos dados de desempenho dos candidatos com todas as notas (na verdade estes dados são disponíveis publicamente, mas sem a identificação dos candidatos) e unir com a informação dos candidatos convocados por cada centro. Esta informação não é pública, mas acredito que os centros informem isso. E depois unir com os candidatos efetivamente matriculados, o que é fácil de descobrir. Além disso seria importante ter acesso aos dados de cada candidato (região de origem, etc) como variáveis de controle.
A implementação do modelo é tranquila, e o único problema mesmo é obter os dados acima, mas acho que é factível sim.













terça-feira, novembro 27, 2007

Filme da Madrugada - Superfly


Não consegui dormir, mas por acaso achei na tv esse clássico dos anos 70 - Superfly. O filme é até interessante, mas o melhor mesmo é a trilha sonora, realizada pelo Curtis Mayfield. Demais.
Sou fã dos policiais dos anos 70 - porrada, trilha sonora e nada politicamente correto. Claro que o grande ícone é Dirty Harry.

E lá vamos nós de novo

Consegui terminar a revisão e submeter o artigo. Agora é esperar e trabalhar nos outros.
E tentar dormir um pouco.

domingo, novembro 25, 2007

Novas Aquisições - Rama II

Rama II - Arthur C. Clarke e Gentry Lee. É curioso ver uma obra de ficção ser escrita em co-autoria, e em geral não funciona. Mas neste caso um dos autores já teve um outro parceiro - Stanley Kubrick - e as coisas funcionaram bem (bom o filme 2001 é muito mais completo do que o livro). De qualquer forma Clarke tem algumas das melhores obras de sf de todos os tempos. Rendezvous com Rama é muito interessante.

sábado, novembro 24, 2007

Organizando o atraso e lista de compras de natal

Tinha ficado aqui em São Paulo no final de semana por causa de uma reposição de aulas do mestrado, mas as aulas foram canceladas.
De qualquer forma vou aproveitar para colocar algumas coisas em dia, como trabalhar na resubmissão de um artigo e na submissão de outro.
Também aproveitei para mandar a minha lista de compras de natal pra amazon. Uma boa parte são livros de finanças computacionais, e apenas um de econometria/estatística. Os livros encomendados são:

"Finite Difference Methods in Financial Engineering: A Partial Differential Equation Approach (The Wiley Finance Series)"
Daniel J. Duffy
"Martingale Methods in Financial Modelling (Stochastic Modelling and Applied Probability)"
Marek Musiela;
"The Complete Guide to Option Pricing Formulas"
Espen Gaarder Haug;
"Modeling Derivatives in C++ (Wiley Finance)"
Justin London
"Option Pricing Models and Volatility Using Excel-VBA (Wiley Finance)"
Fabrice Douglas Rouah;
"Data Analysis Using Regression and Multilevel/Hierarchical Models"
Andrew Gelman

quinta-feira, novembro 22, 2007

Leitura do Dia - Is Arbitrage Tying the Price of Ethanol to that of Gasoline?

A discussão econômica sobre o uso de etanol como combustível tem sido marcado por uma mediocridade ímpar. Mas existem brilhantes excessões, como é o caso do artigo abaixo. Além disso este campo empirical industrial organization é atualmente uma das áreas mais interessantes de pesquisa em economia,


Is Arbitrage Tying the Price of Ethanol to that of Gasoline?
Evidence from the Uptake of Flexible-Fuel Technology

Alberto Salvo (Northwestern) Cristian Huse (Stockholm)
Sergio Goldbaum (Getulio Vargas) Fernanda Lima (LSE)
November 2007
Abstract
As much of the world goes searching for alternative sources of energy to oil, Brazil.s three-decade experience in developing a successful substitute for gasoline merits attention. Brazil is the only sizable economy to date to have developed a ubiquitously distributed alternative to oil-based fuels in road transportation: ethanol from sugar cane. Perhaps unsurprisingly, the uptake of flexible-fuel (dual-fuel) vehicle technology has been tremendous. We provide a stylized model of the vertical sugar industry which incorporates arbitrage by producers, across domestic and export markets for ethanol and sugar, and arbitrage by consumers, across ethanol and gasoline at the pump. We show that the model stands up well to the empirical covariation in prices over 30 years. In particular, owing to the increasing penetration of flexible-fuel vehicles, consumer arbitrage is tying the retail price of ethanol to that of gasoline. Of relevance to the current .food-versus-fuel.debate, the outward shift of the ethanol demand curve, at price levels where traditional gasoline consumers arbitrage, may lead to higher sugar prices, thanks to substitution in demand (gasoline and ethanol) and in supply (sugar and ethanol).
Keywords: Ethanol, gasoline, sugar, biofuels, food prices, commodity prices, food-versus-fuel debate, arbitrage, export price .oor, price convergence, flexible-fuel vehicles
JEL classification: F19, L11, Q11, Q42

Divulgação Científica

Image:CosmosCarlSaganDVDC.jpg

O Adolfo Sachsida escreveu um texto bem interessante sobre o problema da qualidade nas escolas brasileiras, e vou usar como gancho a frase:
"Outro problemas sério é que no Brasil a maior parte das escolas privadas têm como principal objetivo preparar um aluno para o vestibular."

Um grande problema aqui no Brasil é que dada a baixa qualidade das escolas, a escolha do curso pelo superior pelo aluno em geral é dada por critérios como o curso que os amigos estão fazendo, o curso da "moda", e o rendimento experado que o curso vai proporcionar (que em geral é uma estimação bem pouco racional em boa parte dos casos), e em muitos casos o curso que o aluno pode cursar por restrições de renda. Este é um problema de pesquisa econômica bem interessante, já que eu duvido bastante da racionalidade econômica desta escolha.
O que acontece é que em boa parte dos casos os alunos desconhecem quase completamente o curso que querem cursar, e nisso o problema das escolas brasileiras do foco no vestibular não ajuda em nada, concordando com a opinião do Adolfo Sachsida. Não se forma alunos, e sim máquinas de fazer prova.
Na minha opinião a melhor fonte de conhecimento para um aluno está na literatura de divulgação científica, e neste campo os cursos nas áreas de exatas estão em geral muito bem servidos.
Me lembro do deslumbre que eu tinha assistindo a série Cosmos do Carl Sagan que passava na Globo de manhã. O episódio 8 "Travels and Space and Time" eu me lembro como se tivesse assistido hoje. Também me lembro de uma outra série sobre física que passava na tv cultura que era fascinante, Universo Mecânico (o episódio sobre relatividade especial era genial). Outras fontes de informação são muito importantes para despertar o interesse. No meu caso posso descrever que muito do que me interessou em economia seria uma imagem análoga ao conceito de psicohistória que está nas obras do Isaac Asimov:
"Psychohistory is the name of a fictional science, which combined history, sociology, and mathematical statistics, in Isaac Asimov's Foundation universe, to create a (nearly) exact science of the actions of very large groups of people"

Esta era a minha visão do tipo de comportamento que aconteceria em uma economia, uma bolsa de valores, etc. Note que meu interesse por economia não veio diretamente de nenhum fonte de informação ligada diretamente a economia. E este é meu ponto - as fontes de divulgação científica relacionadas a economia são extremamente pobres, em todo o mundo, e em especial no Brasil.
A discussão econômica que atinge os não-acadêmicos no Brasil é de uma qualidade tão baixa que nem vale a pena nem perder tempo discutindo, ainda mais nos dias atuais aonde nossos institutos de pesquisa econômica são rifados por interesses políticos.
E quando os alunos entram em muitas escolas de economia são bombardeados com uma mistura de um curso de economia totalmente defasado (exemplo - ficar discutindo as críticas de Sraffa a microeconomia neoclássica - uma discussão dos anos 30!!!) com os piores interesses políticos possíveis. O saldo está aí - é só ver o problema do Ipea.

Por isso eu acho muito positiva a iniciativa dos ebooks com a discussão sobre o fundamento econômico dos ditados populares , já que são uma forma de se fazer divulgação científica de qualidade. O mais importante para um professor de economia é despertar nos alunos o interesse pela teoria econômica, e isso só é feito usando discussões interessantes e relevantes, como alguns nobres professores lutam para fazer.

Na minha opinião o papel do professor consiste em apenas duas tarefas - primeiro despertar interesse pela matéria que está ensinando, e em segundo lugar tentar direcionar da melhor forma possível o aluno para o conteúdo de fronteira. O resto é com o aluno.

quarta-feira, novembro 21, 2007

horror , o horror

Link para mais detalhes sobre o expurgo no ipea.

(obrigado ao Shikida pelo link)

segunda-feira, novembro 19, 2007

algo de útil

Bom, tirando estas discussões sobre metodologia, fiquei programando durante o dia. Pegando um pouco de familiaridade com a quantlib, mas não foi tão difícil. Seria legal ter algo de C++ no curso de programação do mestrado, ou pelo menos em alguma eletiva, já que na prática é o que o mercado uso de fato.
Existem 3 projetos open source de bibliotecas de finanças bem desenvolvidos.

Quantlib
Project Martingale
Premia

Ainda não tive tempo de aprender o Project Martingale e o Premia, mas parecem bem interessantes, mas por enquando são de uso mais didático do que aplicado.

Efeitos fixos e aleatórios

Uma discussão muito interessante é sobre o uso de efeitos fixos e aleatórios em modelos de regressão. O pessoal de econometria acha que efeito fixo X aleatório é só usado em painel, mas o uso é bem mais amplo, como por exemplo em modelos de efeito misto. Andrew Gelman recomenda que se usem sempre efeitos aleatórios, mas para um pouco deste debate:

Fixed and random effects: what do statistics and econometrics say?

Dois bons comentários

Erik escreveu dois bons comentários sobre o expurgo no IPEA e sobre a inconsistência das críticas heterodoxas. Felizmente esta problema do IPEA está tendo uma boa atenção.
Sobre o último comentário é estranho que para os pós-keynesianos a teoria de equilíbrio geral é base de toda a chamada teoria ortodoxa. E não é; é apenas uma construção que pode ser útil em muitos problemas. Por exemplo toda a literatura de microestrutura de mercado não é baseada em equilíbrio geral. Uma boa parte dos modelos em finanças não é baseada em equilíbrio, mas apenas em não-arbitragem que é um condição mais fraca.
O mais engraçado é que por desconhecimento dos pós-keynesianos, que raramente leêm o que criticam, eles perderam uma crítica possível aos modelos baseados em equilíbrio geral, que era o péssimo ajuste destes modelos aos dados reais . Algo que sempre foi criticado pelos demais macroeconomistas ortodoxos.
E estas críticas já vão ficando sem sentido, já que a nova literatura de modelos DSGE (Dynamic Stochastic General Equilibrium) tem tido bastante sucesso no ajuste aos dados reais.
A grande diferença é que na economia ortodoxa modelos que são rejeitados pelos dados são criticados e substituídos por modelos melhores.

ganha em combate

Dia 13 de novembro aconteceu uma festa com as duas primeiras turmas formadas no mestrado do Ibmec São Paulo.
Recebi essa plaquinha em homenagem ao trabalho no mestrado. Foram anos de um trabalho bem puxado, mas ao mesmo tempo divertido, e aprendi bastante nesse tempo. Bons desafios.
E grandes pessoas nessas turmas, o que é o mais importante no final.

domingo, novembro 18, 2007

um destes poucos dias

Acredito que a vida de uma pessoa seja uma coleção enorme de momentos sem sentido, e se esta vida valeu a pena, alguns raros pontos aonde tudo foi perfeito.
Hoje foi um dos dias que a vida teve verdadeiro valor.

Obrigado Lu.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Taleb e os Eventos Inesperados

No Estado foi publicada uma entrevista com Nassim Taleb, que fala discute o valor de modelos matemáticos na precificação e gestão de risco no mercado financeiro.
De forma sintética - Taleb aponta 3 problemas nos modelos matemáticos que são normalmente utilizados no mercado financeiro - o primeiro problema é a dependência desses modelos na distribuição gaussiana (e mais formalmente no movimento browniano), e o segundo fato é que nos mercados financeiros os eventos mais importantes são os eventos raros e não previsíveis. Diante destes dois problemas modelos matemáticos seriam inúteis. O terceiro problema seria a teoria de carteiras derivada de pressupostos de normalidade.
Os três problemas apontados por Taleb são extremamente relevantes; e discutirei cada um a seguir. O ponto que tenho uma discordância parcial de Taleb é sobre a importância de Black, Scholes e Merton na teoria de finanças. O pilar básico do modelo de Black-Scholes é o movimento Browniano e o uso de um martingale como representação de um processo de preço de um ativo. E sim, eles estão no trabalho de Bachelier de 1900 (eu já coloquei um link sobre Bachelier aqui, e é fascinante).
Mas a grande contribuição deles foi formular um modelo simples que permitisse a precificação de opções, o que permitiu que o mercado de derivativos se desenvolvesse. E aí vem o ponto principal - porque usamos modelos matemáticos e estatísticos em finanças ?
Basicamente porque os instrumentos financeiros são cada vez mais complexos, e precisamos condensar toda a complexidade e a incerteza existentes para precificar estes ativos. Modelos são ferramentas de trabalho, simplificações úteis para ajudar no processo de decisão. E como temos uma racionalidade limitada e uma demanda intensa por decisões rápidas, modelos matemáticos servem como referenciais úteis de preço. Acho que foi Theil que escreveu - "modelos são objetos de trabalho, e não de fé". E assim a ferramenta que Black, Scholes e Merton desenvolveram foi útil para criar um referencial de preço para o mercado. O modelo é verdadeiro ? não, como nenhum modelo é verdadeiro, e sim uma aproximação instrumental útil para decisões. Além disso Merton em especial teve outras constribuições fundamentais para finanças, e de forma relevante o primeiro modelo de default relevante, que é um evento extremo e que foge do pressuposto de normalidade.
Para fazer justiça a ferramenta matemática mais relevante na precificação de ativos financeiros é a formalização matemática do conceito de não-arbitragem, que foi introduzida por Harrison e Kreps (1979), Harrison e Pliska (1981 e 1981), e sua relação com martingales e precificação neutra ao risco. Nestes artigos também é mostrado que uma medida martingale equivalente única só existe em mercados completos, e assim um preço único de não arbitragem só pode se obtido em um mercado completo. O que torna um mercado imcompleto ? Por exemplo volatilidade estocástica, eventos extremos relacionados a saltos não antecipados de preços e custos de transação e efeitos de microestrutura. E assim a teoria matemática de precificação por não-arbitragem sempre apontou as limitações aonde um preço único poderia ser obtido. Mercados completos são equivalentes a possibilidade de hedge dinâmico perfeito, que é a forma que Taleb utiliza para a precificação. Em mercados imcompletos não é possível hedge perfeito, e assim a precificação deve embutir as expectativas dos agentes sobre estes eventos.
Modelos matemáticos em finanças há muito tempo utilizam distribuições diferentes da normal para controlar para gaudas pesadas e assimetria, e assim matemáticamente estes efeitos são bastante conhecidos. Depois do Crash de 1987 a importância da volatilidade estocástica na precificação (reconhecida pelos smiles de volatilidade, que são uma evidência de falhas no modelo de Black-Scholes) vem levado ao desenvolvimento de uma ampla gama de modelos para capturar estes efeitos. Mas da mesma forma nenhum modelo consegue capturar todos os eventos possíveis, e assim temos um contínuo desenvolvimento de modelos mais complexos. O problema é que modelos complexos demais podem perder sua utilidade como referenciais de preços (embora isso se modifique no tempo - hoje uma boa parte dos traders trabalha com modelos matemáticos bem complexos, e isso é evidente pela crescente matematização do mercado financeiro). E além de tudo o modelo de Black-Scholes apesar de sua simplicidade é bem robusto na maioria das situações.
A forma de se tornar os modelos mais complexos e ainda ter modelos tratáveis foi a de introduzir nos processos de preço a possibilidade de saltos, com os modelos de jump diffusion. Neste caso o processo de preço ainda mantém um componente browniano, mas adiciona um componente adicional para a possibilidade de saltos descontínuos de preço. A grande vantagem é que processos de saltos sob algumas restrições (por exemplo saltos independentes) ainda podem ser formulados como semi-martingales, o que permite que utilizemos a precificação por não-arbitragem de Harrison e Kreps e Harrison e Pliska. Sair do mundo de semi-martingalese de movimento browniano é ainda matematicamente muito complexo, por exemplo introduzindo processos browianos fracionários. Para ter uma idéia da complexidade do problema vejam este artigo - HJM Interest Rate Models with Fractional Brownian Motions, Alberto Ohashi and Pedro Catuogno, que na minha opinião é um dos artigos de finanças matemáticas mais bem elaborado que li nos últimos anos.
Taleb tem um ponto importante contra os modelos de salto - já que os saltos são indepentes, eles não podem ser previstos, e assim são apenas uma construção matemática para ajustar um problema nos modelos. Neste ponto eu discordo de Taleb - embora os processos de salto sejam não previsíveis, é melhor adicionar um prêmio de risco para estes eventos, que embora sejam uma aproximação, ainda permitem a construção de referenciais de preço com a adição de premios de mercado para risco para testes eventos.
Em minha opinião principal problema no uso de modelos matemáticos de precificação está no processo de calibração. Além dos problemas econométricos envolvidos, os parâmetros utilizados tem que refletir a expectativa futura e não o passado histórico observado. A grande arte da precificação está na escolha adequada dos parâmetros.
O terceiro ponto está na teoria de carteiras de Markowitz. E neste ponto Taleb está correto. Embora seja interessante como primeira abordagem, o uso de média-variãncia na construção de carteiras é tão pouco válida que raramente é utilizada na pŕatica. Ao mesmo tempo que a modelagem matemática de derivativos evoluiu intensamente, a teoria de carteiras quase não andou. Acho que a única adição significante é a idéia do modelo de Black-Litterman, que permite que a alocação seja realizada misturando o histórico de preços com uma prior bayesiana sobre a futura distribuição de preços.
Taleb diz que se deve evitar escolas de finanças e administração. Um ponto interessante sobre isso é que atualmente as principais contribuições de modelos matemáticos em finanças vem de matemáticos que trabalham de forma efetiva no mercado (por exemplo Rebonato, Peter Carr, Damiano Briggo). Atualmente os modelos matemáticos nascem no mercado e são formalizados na academia, o que é excelente, já que o mercado dinamicamente cria produtos e situações cada vez mais complexas e interessantes, e assim mantendo o interesse e o desenvolvimento da teoria matemática de finanças.

Obrigado ao Cleiton pela dica da entrevista no Estado.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Novas Aquisições - Dados de alta frequência

Modelling Irregularly Spaced Financial Data: Theory and Practice of Dynamic Duration Models (Lecture Notes in Economics and Mathematical Systems) (Paperback)
by Nikolaus Hautsch. O livro mais completo sobre modelagem de durações de eventos para dados de alta frequência em finanças.

Já era esperado

A pior coisa deste governo é que todas as suas ações são tristemente previsíveis. A demissão dos economistas do Ipea era tão esperada, tão óbvia, que talvem não tenha o impacto necessário. E nosso presidente fala em democracia.
Tive todos os meus pecados passados e presentes perdoados por ter feito graduação na escola do presidente atual do Ipea. Felizmente existiam alguns bons professores lá. Lembro que fui assistir uma defesa de tese de doutorado orientada por um dos poucos bons professores de lá. Era algo sobre endogeneidade da moeda, e como a tese tinha uma visão diferente da defendida por outro professor da mesma instituição, o orientador chamou este outro professor para fazer parte da banca, e assim estimular o debate. Quanta ingenuidade.
Um ponto importante é que este professor que foi chamado para a banca tinha um discurso de defesa da "pluralidade" no pensamento econômico.
A defesa da tese foi surreal. O professor citado, como era membro interno, foi o primeiro a falar. E começa com algo assim - "Eu vou lhe reprovar, você é arrogante, como pode ter uma visão diferente da minha? Sua tese é uma das piores coisas que eu já vi, etc". Os demais membros da banca ficaram chocados. E todos eles depois disseram que a tese era de altíssima qualidade. O candidato foi aprovado, mas a situação foi bizarra.
Por isso a demissão dos economistas do Ipea não me surpreende nada.
E o pior ainda está por vir.

crash

No cinemax estava passando Crash, dirigido pelo David Cronenberg e baseado no livro do J.G. Ballard Numa época em que a maioria dos filmes são tão inócuos e tediosos, um filme que realmente consegue ser perturbador, embora seja apenas uma fantasia estranha. Eu gosto bastante dos filmes do David Cronenberg, e em especial os ultimos filmes (Spider pra frente) são muito bons.
J. G. Ballard é um dos poucos escritores originais de nossa época, e acima de tudo um dos únicos com coragem para escrever sobre temas pouco agradáveis, em uma época cada vez mais estranha. Super Cannes é uma imagem do futuro de uma geração rica e perdida.
Como é bom um cara sem medo de escrever.

quarta-feira, novembro 14, 2007

calmaria

Um pouco de calmaria. Resolvi viajar só hoje, e evito esse trânsito. Também consegui resolver uns problemas atrasados na pesquisa, e consigo ficar um pouco mais tranquilo no feriado. Era só arrumar um banco de dados, mas aproveitei para ficar brincando no sql e se distrair um pouco. Tinha planejado sair mais cedo e passar na livraria cultura, mas acabou ficando tarde. Seria bom ter alguma literatura nova no feriado, mas sem estou sem muita imaginação para escolher.
Um pouco de sono ajuda.

terça-feira, novembro 13, 2007

15 assaltos

Esgotamento total. Dois dias trabalhando no material de estimação de difusões e precificação de monte carlo. Agora o material está com 104 e páginas, e caminha para virar um livro. Ainda dei 3 aulas de aula extra hoje, e mais duas aulas amanhã ainda. O material ficou bem completo (coloquei exemplos no computador de quase todos os métodos de estimação de difusões), mas agora mal me aguento de pé. Não sei se vale a pena tudo isso.

domingo, novembro 11, 2007

Os Favoritos da Casa - Werner Herzog

Li agora que a Cultura vai exibir na terça o documentário - "Meu Melhor Inimigo", que mostra a relação entre Herzog e Klaus Kinski, (horário 23:40). Herzog e Kinski fizeram juntos alguns filmes cujos temas e processos de produção eram absolutamente insanos. Fitzcarraldo, Aquiles, a Cólera dos Deuses, entre outras obras primas e únicas.
Além da importância de seus filmes, duas outras coisas sempre despertaram a minha admiração. É completo autodidata, e nos seus filmes corre todos os riscos que a produção e os atores sofre (e quem viu os filmes sabe que os riscos são insanos mesmo).
Vi que ele está com um novo filme - Rescue Dawn, que ainda não foi lançado aqui. E o mais interessante é que o ator principal é Christian Bale, que da mesma forma atua sempre em papéis ligados a insanidade e aos extremos. Eu acho O Operário uma pequena obra prima; e Patrick Bateman em Psicopata Americano é um clássico.

ps - Quando o comentário é bem melhor que o original, o que sempre ocorre com os comentários do Chaninski, nós roubamos e colocamos junto,

Ao que parece, a Cultura exibirá sete filmes em seguida feitos na germânia. Torço que sejam todos do Herzog. Excluindo os clássicos Lang, Riefenstahl e Murnau, é uma nação com muito cineasta chato metido a foda: ex: Win Wenders (ele fez dois filmes soberbos - Paris, Texas e Asas do Desejo - e depois, merda apos merda) e Fassbinder (esse é chato pra caralho). Tem a nova geração de realizadores com dois nomes talentosos - Florian Henckel von Donnersmarck e, principalmente, Tom Tykwer -, mas acredito que a Cultura não tocará neles. Se ela exibir alguma coisa de algum realizador novo, aposto que será do panfletátio Hans Weingartner com seu Edukators.

Semana passada foi o Woyzek do Herzog e nesta, outro do cara. Sei que o Fitzcarraldo ( antes de morrer, eu quero saber como ele colocou o barco naquela posição visto que não existia computação gra´fica ) e o Aguirre ( também, antes de morrer, tenho curiosidade em saber como eles fotografaram a sequência final ) fazem parte do acervo da RBTV. Contudo, há o documentário do homem urso que está solto e já passou da grade, possibilitando a exibição em TV aberta. Sobre o Sr. Bale, Psicopata Americano é uma bela adaptação de um livro bem divertido. O Operário é legal. Sem contar que ele tirou o Batman do limbo boioloa em que foi colocado em quatro filmes prévios. Outro bom filme com tal ator é uma ficção de 2002 chamada Equilibrium.

sábado, novembro 10, 2007

Norman Mailer +

Mais um grande se vai. Os Nus e os Mortos é uma das grandes obras do século 20, e está na minha lista de livros marcantes.

saldo

Algo de bom essa semana teve - consegui implementar todos os modelos de finanças eu queria, e até mais algumas coisas que sairam de barato. Só preciso checar o Libor Market Model com a implementação da quantlib, e creio que com isso o curso todo de renda fixa está implementado. Talvez incluir mais alguns exemplos de resolução de equação diferencial parcial no matlab.
Mas realmente fiquei impressionado com a Quantlib, e ainda demora um pouco para dominar a coisa. Mas é impressionante o que está disponível lá.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Novas Aquisições

Derivativos de Crédito e outros instrumentos. Antulio Bonfim. O livro é uma introdução aos instrumentos de derivativos de crédito. Não é um livro avançado, mas descreve bem os produtos.

Volatilidade

Dia de ontem tão bom, e hoje péssimo.
so it goes

quarta-feira, novembro 07, 2007

Finanças Computacionais

Desde ontem a noite instalando as novas bibliotecas de funções de finanças computacionais no meu laptop e no desktop na faculdade. A instalação da Quantlib foi tranquilo, mas os wrappers para outras linguagens são sinistros. Estou compilando o wrapper para perl desde as 7:30 da manhã e ainda não terminou. Pobre laptop.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Gostaria que tivesse sido assim ....

Por que meus cursos de história econômica e economia brasileira não foram assim?

DETERMINANTES DO “MILAGRE”
ECONÔMICO BRASILEIRO (1968-1973):
UMA ANÁLISE EMPÍRICA

Fernando A. Veloso
André Villela
Fabio Giambiagi


SINOPSE
O objetivo deste estudo é quantificar, através de uma metodologia de regressão de
crescimento com dados de painel, a importância de possíveis determinantes do
“milagre” econômico brasileiro de 1968-1973. Em particular, verificamos em que
medida o “milagre” decorreu da situação externa favorável, do desempenho de
variáveis de política econômica no período 1968-1973 e das reformas institucionais
do Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg) de 1964-1966. Os resultados
mostram que tanto o ambiente externo como as variáveis de política econômica
explicam uma parcela relativamente pequena da aceleração do crescimento observada
entre 1962-1967 e 1968-1973. Isso decorre do fato de que o modelo de crescimento
estimado com base em painéis de seis anos superestima fortemente o crescimento
econômico brasileiro no período anterior ao “milagre” e subestima o crescimento no
período do “milagre”. Os resultados mostram, no entanto, que o modelo estimado
para painéis de dez anos prevê uma taxa de crescimento para o Brasil no período
1964-1973 bastante próxima da taxa de crescimento efetivamente verificada no
período. Em conjunto, nossos resultados indicam que o episódio de aceleração do
crescimento associado ao “milagre” decorreu em grande medida do efeito defasado
das reformas associadas ao Paeg.

sábado, novembro 03, 2007

Próximas Atrações

SBE - Recife, dia 7 de Dezembro

Sessão 29 – Finanças III – Sala
Coordenador:

Ohashi, Alberto (UNICAMP) “Fractional Term Structure Models: No-Arbitrage and Consistency”

Matsumura, Marco (IPEA) and Moreira, Ajax (IPEA) “Identification of Affine Term Structure Models with Observed Factors: Economic Shocks on Brazilian Yield Curves”

Furlani, Luiz Gustavo Cassilatti (SICREDI e UFRGS); Laurini, Márcio Poletti (Ibmec-São Paulo e IMECC-UNICAMP) e Portugal, Marcelo Savino (UFRGS) “Microestrutura Empírica de Mercado - Uma Análise para a Taxa de Câmbio BRL/Us$ Usando Dados de Alta Freqüência”

Laurini, Márcio (Ibmec-São Paulo e IMECC-UNICAMP) e Hotta, Luiz Koodi (IMECC-UNICAMP) “Extensões Bayesianas do Modelo de Estrutura a Termo de Diebold-Li”

sexta-feira, novembro 02, 2007

Novas Aquisições - Volatilidade e Análise Funcional



Applied Functional Data Analysis. J. O. Ramsay e B. W. Silverman.
Inside Volatility Arbitrage. A. Javaheri.

O livro do Ramsay e Silverman é a versão aplicada do livro de análise funcional de dados, e cada capítulo é uma aplicação diferente. Algumas são bastante interessantes, como a de evolução de densidades.


O livro de volatilidade implícita é mais uma adição ao estudo desta área em finanças, extremamente desafiadora. Já orientei duas monografias nesta área, e em termos de pesquisa acho que ainda existe muitos tópicos para serem explorados. A primeira superfície de volatilidade a gente nunca esquece.